O Site português Palco Principal entrevistou o ex-baterista da banda norte-Americana Guns N’ Roses Steven Adler, confira abaixo a entrevista abaixo:

Palco Principal – Nos primeiros tempos dos Guns’n’Roses, todos tinham aquele ar cool e meio distante de rockstar, mas o Adler era sempre o que parecia estar a divertir-se mais. Voltámos a ver aquele grande sorriso que sempre teve atrás da bateria na semana passada, durante os seus showcases no NAMM [uma das maiores feiras de instrumentos musicais, realizada anualmente, na Califórnia]. Parece mais feliz e saudável do que nunca. Como é que se sente?

Steven Adler – Sinto-me ótimo! 2010 foi um ano fantástico e o melhor ainda está para vir…

PP – Os Adler’s Appetite estão apenas a alguns dias de uma digressão europeia, que vos vai levar a bastantes países. Está entusiasmado? Como é que têm corrido as datas nos Estados Unidos?

SA – Temos estado a fazer estes shows no Arizona como “aquecimento” para a digressão europeia e tem estado tudo a correr mesmo muito bem! O set está muito coeso e estamos prontos para chegar a Itália já na próxima semana.

PP – Além dos clássicos de GN’R, os Adler’s Appetite vão apresentar alguns dos originais em que têm estado a trabalhar. Alguns dos temas já estão disponíveis para download no iTunes e o EP vai ser lançado em breve. Quando é que começou a sentir necessidade de compor e ter os seus próprios originais? A mudança no line-up da banda teve influência?

SA – Começámos a escrever canções no ano passado e gravámos o tema Alive em Junho. Acabámos por lançá-lo como um download gratuito com o meu livro e promovemo-lo ao vivo durante todo o Verão… Era algo que tinha que fazer. Não posso continuar a viver preso ao passado e agora, finalmente, encontrei o grupo certo de pessoas para compor comigo.

PP – O novo material apresenta-se repleto de grandes riffs, com uma abordagem actual, sem perder a grandiosidade, o poder e a melodia que marcava o hard rock dos anos 80 e inícios de 90. Quando decidiu começar a escrever originais, impôs algumas condições sobre como é que os temas deveriam soar? Apesar de não serem os Guns’n’Roses, têm de apresentar alguma coerência com o repertório que já tinha…

SA – Sim, cada um de nós na banda tem o seu próprio estilo de composição, as suas influências, mas sabíamos que as canções que escrevêssemos teriam que encaixar com as coisas de Guns… O facto de conseguirmos tocar cada um dos nossos temas ao vivo, dentro do set que já tínhamos, sem nunca perdermos ritmo nem poder, para mim é fantástico!

PP – O seu amigo Fred Coury [baterista de Cinderella] está, actualmente, a produzir o EP. Como é que estão a correr as coisas? Há alguma data agendada para o lançamento?

SA – Ainda não temos datas previstas. Estamos em contacto com algumas editoras e a definir a melhor forma de fazer o lançamento, mas, neste momento, é um processo que ainda está em curso.

PP – Soube rodear-se de alguns dos melhores músicos para criar esta nova formação dos Adler’s Appetite. No entanto, cada um dos seus companheiros tem a sua própria banda, com calendários próprios e compromissos. Isso tem criado alguns constrangimentos ou têm conseguido conciliar bem as coisas?

SA – Às vezes, cria mesmo constrangimentos… Aliás, o Alex Grossi [guitarrista] não vai conseguir viajar connosco até à Europa porque os Quiet Riot estão de volta. Está tudo certo e ficamos muito felizes por ele mas, de facto, os calendários nem sempre coincidem. De qualquer forma, estou muito feliz por conseguirmos tocar tanto e por ser possível manter a banda toda junta durante a maior parte do tempo… Eu detesto ficar sentado em casa!!!

PP – Entretanto, o Steven continua a ser um baterista muito procurado e endorser de várias marcas. Além dos Adler’s Appetite, quais são os seus projectos para 2011?

SA – O meu livro vai ser reeditado em Junho e, além dos Adler’s Appetite, não vou fazer mais nada… A promoção à volta do livro vai dar-nos MUITO que fazer nos próximos meses!

PP – Perante a vaga de regressos de várias bandas com os elementos originais e a possibilidade dos Guns n’Roses receberem uma estrela no Rock’n’Roll Hall of Fame, as pessoas estão sempre a perguntar-lhe se haverá uma reunião da primeira formação dos Guns. Também já teve oportunidade de responder, várias vezes, que seria um sonho tornado realidade…

SA – Sim, eu adoraria que se concretizasse, mas não vou suster a respiração à espera disso. Durante algum tempo, não pensava nem falava em mais nada, mas, agora, estou mesmo concentrado na minha banda. É tãoooooooo bom estar a evoluir como músico e como pessoa… Ter os GN’R reunidos de novo seria, definitivamente, a concretização de um sonho, mas já não é o meu único sonho.

PP – Como é que olha para a actual «encarnação» dos Guns? É doloroso, para si, assistir a todas as polémicas? Acompanha as histórias, como, por exemplo, a última digressão europeia dos Guns, ou consegue manter a distância?

SA – Já não presto muita atenção, porque as pessoas parecem estar sempre à procura de um pretexto para implicar com o Axl. No entanto, apercebi-me que o Duff [McKagan] fez uma jam com ele há alguns meses, e isso pareceu-me muito porreiro!

PP – O seu livro “My Appetite for Destruction – Sex, Drugs and Guns n’Roses” foi um best-seller. Vai bem fundo nas suas memórias e nas suas feridas e não esconde nada do seu passado. Apesar de ter funcionado para si como uma espécie de catarse e do início de uma nova fase, deve ter sido bastante duro para a sua família e amigos. O que é que retira desta experiência?

SA – Na verdade, funcionou como uma cura. Disse uma série de coisas que precisavam de ser ditas e retirei tudo do sistema. A minha família e os meus amigos apoiaram-me bastante na altura e continuo a ter o seu apoio todos os dias, por isso, acho que foi uma experiência curativa para toda a gente.

PP – Estamos a menos de um mês do concerto em Portugal. Já cá esteve?

SA – Já, mas não vou aí há muito tempo. Mal posso esperar! Até lá!