Ontem o Aerosmith veio pela quarta vez ao Brasil, era uma noite chuvosa em São Paulo, nada que impedisse 32 mil pessoas de curtirem um excelente show de Rock
Steven Tyler como sempre era o centro das atenções, principalmente depois do recente acidente que sofreu, porém ele parecia bem e bastante recuperado – “Estou bonito?”, perguntou com graça.
Mas o Aerosmith não é uma banda de um músico só. O batera Joey Kramer mandou bem com as baquetas e sem elas também. Em sua performance solo, mostrou bom humor e pegada firme com seus tambores e pratos. Quando achamos que já estava alto o nível, ele nos mostra habilidade tocando sem baquetas. Sim, direto com as mãos, da mesma forma que, nos anos 1970, John Bonham (Led Zeppelin) fez história.
Carismático, o baixista Tom Hamilton andava de um lado para o outro enquanto garantia o link entre o que vinha da bateria e o que faziam os guitarristas Brad Whitford e Joe Perry. Esses, por sinal, nos brindaram com uma diversidade saborosa de instrumentos utilizados e, consequentemente, timbres plurais.
Nunca é demais ressaltar os predicados de Whitford, que vai além de um guitarrista-base (função normalmente associada a ele). Fez solos incríveis, além de comentários espalhados pelos diálogos da tradicional interação entre Perry e Tyler. Menos “estrela” e mais discreto, teve uma noite de bom rendimento.
Já Joe Perry, entre poses e aparições na extensão do palco, mandava ver seus fraseados de timbres leves e de uma rouquidão hipnotizante. Ok, ele deu algumas “engasgadas”, mas foi o astro que esperávamos ver. Suas eventuais falhas deram aquele tempero de organicidade às canções, que mereciam esse tipo de coisa para não ficar naquela linearidade ensaiadinha, polida e impecável.
O repertório teve os hits imediatos ‘Janie’s Got a Gun’, ‘Livin’ on the Edge’, ‘Amazing’, ‘What It Takes’, ‘I Don’t Want to Miss a Thing’, ‘Cryin”, ‘Sweet Emotion’, ‘Dream On’, ‘Love in an Elevator’, ‘Walk This Way’ e ‘Angel’. Também pudemos embalar junto de ‘Draw the Line’, ‘Same Old Song and Dance’ e ‘Mama Kin’. Ainda tivemos a chance de ver Perry nos vocais principais em ‘Combination’ e um desfecho com o blues de 1951 ‘Train Kept A-Rollin”. Diferenças bem-vindas em relação à apresentação deles por aqui em 2010 – isso, convenhamos, é o mínimo que se espera de uma banda com o tempo e a história que o Aerosmith tem.
E se quiserem voltar no ano que vem? Podem voltar, rock de qualidade sempre é bem vindo aqui.