The Wall Live, um dos melhores shows da atualidade finalmente chegou ao Brasil,Roger Waters simplesmente encanta nesse tour que é baseada no disco e na turnê originais do Pink Floyd da década de 1980, mas agrega agora uma série de efeitos especiais, como marionetes gigantes e uma explosão de fogos de artifício, sustentados por um orçamento de 60 milhões de dólares. Lançado em 1979, The Wall é considerado o grande clássico do Pink Floyd, a maior banda de rock progressivo da historia.A turnê estreou em 2010, ano em que lucrou quase 90 milhões de dólares somente nos Estados Unidos e liderou as arrecadações com shows. Em 2011, a turnê também ficou entre as dez mais lucrativas, com 150 milhões de dólares no mundo todo. Todo o sucesso fez Waters estender o espetáculo no mínimo até 2013.
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Ontem, na primeira apresentação no Brasil, Porto Alegre viu muito mais do que um show. Roger Waters apresentou aos gaúchos um verdadeiro espetáculo multimídia, de atordoar os sentidos. À música, são somados efeitos teatrais, sonoros, pirotécnicos e visuais, através de imagens de altíssima definição. Excelência é a palavra que melhor descreve um evento musical difícil de ser comparado com qualquer outra coisa.
O público que enchia o gramado do Beira-Rio estava muito animado quando às 20h40 uma série fogos de artifício iluminaram o imenso palco e os 137 metros de largura do muro montado nas extremidades laterais do cenário. Com uma cerimônia emocionante para a maioria, a abertura do espetáculo baseado no disco “The Wall” (1979) levou os mais fanáticos às lágrimas. A plateia cantou junto com Waters a faixa “In the Flesh?” e ficou literalmente de queixo caído com a grandiosidade da performance de toda a banda. Em um primeiro momento, a música parecia apenas um complemento para o gigantesco teatro que foi montado ao ar livre. A qualidade do show comandado por ROGER WATERS é indescritível apenas com palavras. Os fãs do PINK FLOYD que deixaram de comparecer ao Beira-Rio certamente perderam o maior e mais envolvente espetáculo que já passou pela cidade em todos os tempos.
A pequena réplica de um avião da II Guerra Mundial se colidiu surpreendente com o muro antes de a banda de Waters executar de maneira emocionante “The Thin Ice”. As imagens projetadas nas paredes comprovaram que o álbum “The Wall” (1979) venceu a barreira do tempo. As vítimas do terrorismo pós-11 de setembro foram relembradas na música que muito serve como tributo a todos que morreram na II Guerra Mundial. Na sequência, a óbvia “Another Brick in the Wall Part I” enalteceu os ânimos dentro do Beira-Rio. A faixa mais famosa do disco conceitual do PINK FLOYD levou ao palco o boneco inflável do professor malvado – de cerca de dez metros de altura – para enriquecer ainda mais um espetáculo puramente visual. No entanto, os pequenos da ONG Canta Brasil tornaram o coro de “Another Brick in the Wall Part II” ainda mais marcante e inesquecível. O show de ROGER WATERS corria com absoluta tranquilidade e qualidade técnica acima da média.
A primeira – e única – pausa de ROGER WATERS para conversar com a plateia foi muito útil para que o caráter meramente contemplativo do show fosse quebrado. O público pouco interagia com os músicos – até porque havia muito detalhes para acompanhar em cada um dos mais de 420 tijolos erguidos ao lado e em frente ao palco. Na pausa, o ex-PINK FLOYD ressaltou que a obra “The Wall” (1979) não foi composta exclusivamente para falar da sua vida: do pai que morreu durante a guerra e do casamento fracassado nos anos setenta. A turnê é uma homenagem a todos aqueles que também sofreram um dia. A figura do brasileiro Jean Charles é que ganha destaque na performance de “Mother”. Os aplausos do público são sinceros também na virada para a bonita “Goodbye Blue Sky”. Não há dúvidas de que os onze músicos que acompanham Waters ao vivo tornam o espetáculo ainda mais redondinho. O tecladista Harry Waters (filho do homem) e o vocalista Robbie Wyckoff (que muito lembra DAVID GILMOUR) exemplificam muito bem isso em “Young Lust” e “Don’t Leave Now”. A primeira parte do espetáculo foi encerrada com a curtinha “Goodbye Cruel World”.
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Os vinte minutos de intervalo entre o primeiro e o segundo ato do show tem dois motivos para existir e dividir o repertório. A primeira utilidade é dar um óbvio descanso ao britânico que ultrapassou há tempos a marca dos sessenta anos de idade. O segundo motivo é dar um pequeno tempo ao público para assimilar tudo o que aconteceu em pouco mais de uma hora de show. O ex-PINK FLOYD deixou nas entrelinhas diversas mensagens ao povo brasileiro – não representadas apenas na figura de Jean Charles. Com o muro todo de pé, a banda aproveitou toda a estrutura para transformar o Beira-Rio em uma verdadeira sala de cinema a céu aberto. O andamento do espetáculo correu de maneira natural com “Hey You” e a introspectiva “Is There Anybody Out There?”. Porém, o ápice do show ainda estava a caminho. A operística “Bring the Boys Back Home” funcionou perfeitamente como entrada para a sensacional “Comfortably Numb” – certamente o grande momento da noite. A performance impecável de ROGER WATERS foi brindada com um solo à altura de DAVID GILMOUR executado por Dave Kilminster. Para muitos, a noite estava ganha aqui.
As grandes surpresas de The Wall Live estavam em grande parte concentradas na primeira metade do show. O porco gigante que flutuou sobre a plateia – recheado de mensagens contestadoras retiradas do cotidiano gaúcho – foi a última novidade visual do espetáculo. A performance de ROGER WATERS passou a se concentrar então no que era projetado no muro e a sequências de imagens dialogava quase que permanentemente com o baixista/vocalista britânico. As faixas “In the Flesh” e “Run Like Hell” – dedicada aos paranoicos que estavam presentes no show – conduziram a apresentação até a agitada “The Trial”. O marcante encerramento da música – com o uníssono “tear down the wall!” (derrubem o muro!) – indicou claramente o que estava prestes a acontecer. O público foi ao delírio ao mesmo tempo em que os tijolos desabaram em frente ao palco. Porém, ainda restava mais um ato. Com ROGER WATERS no trompete, “Outside the Wall” colocou o ponto final na história iniciada duas horas atrás.
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Embora a saída do Beira-Rio tenha sido caótica para muitos, sobretudo para quem dependia do transporte público ou de um táxi, o sentimento era um só: a noite foi realmente incrível. A opinião era a mesma para os mais fanáticos pelo PINK FLOYD e também para todos os curiosos que compareceram ao estádio apenas para assistir o espetáculo de luzes e efeitos especiais. A simpatia e a competência técnica de ROGER WATERS e de toda a sua banda não deram margem para que nenhum deslize fosse colocado à tona. O show foi ótimo – provavelmente um dos melhores espetáculos que passou em Porto Alegre em todos os tempos – e deixou outro sentimento ainda mais aflorado dentro do peito de cada um. O de que o ex-PINK FLOYD volte para a cidade o quanto antes com essa mesma turnê ou outra qualquer.
Set-list:
01. In the Flesh?
02. The Thin Ice
03. Another Brick in the Wall Part I
04. The Happiest Days of Our Lives
05. Another Brick in the Wall Part II
06. Mother
07. Goodbye Blue Sky
08. Empty Spaces
09. What Shall We Do Now?
10. Young Lust
11. One of My Turns
12. Don’t Leave Me Now
13. Another Brick in the Wall Part III
14. The Last Few Bricks
15. Goodbye Cruel World
16. Hey You
17. Is There Anybody Out There?
18. Nobody Home
19. Vera
20. Bring the Boys Back Home
21. Comfortably Numb
22. The Show Must Go On
23. In the Flesh
24. Run Like Hell
25. Waiting for the Worms
26. Stop
27. The Trial
28. Outside the Wall
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Fontes: Veja, To Sabendo e Whiplash