Em uma nova entrevista para a rádio 107.7 The Bone, da Bay Area de São Francisco, Serj Tankian, vocalista do SYSTEM OF A DOWN, discutiu sobre o impacto de seu ativismo na música. Tankian, que lançou o documentário “Truth To Power” em 2021, abordou o desafio de conciliar seu trabalho artístico com sua militância política, tanto dentro quanto fora da banda. Ao ser perguntado sobre como se sente ao perder fãs por conta de suas opiniões, ele afirmou: “Logo no início, você precisa decidir qual papel quer desempenhar na indústria. Se você quer apenas maximizar sua base de fãs e ser um bom músico, sem tocar em temas que possam afastar as pessoas, será um grande entretenedor. E eu sou fã de muitos artistas que fazem isso. Mas, se você deseja ser um artista verdadeiro, precisa ser honesto. E essa honestidade deve vir da sua alma e transparecer no seu trabalho. Inevitalvemente, você acabará afastando alguns fãs, mas faz parte da jornada ser fiel à verdade.”
Ao falar sobre a origem dessa paixão, Tankian mencionou: “Eu era ativista antes de me tornar músico, então isso veio naturalmente. A verdade sempre foi importante para mim, tanto na vida pessoal quanto na artística. E isso influenciou minha carreira. Eu não levo a sério o aspecto de celebridade, embora seja legal conseguir uma reserva em restaurantes. Esse equilíbrio me ajuda a manter os pés no chão, mesmo com o sucesso da banda. Eu gosto de me conectar com as pessoas de forma mais direta. Quando abrimos o Kavat Coffee Café e a Eye For Sound Gallery, adoro aparecer por lá, tomar café com as pessoas e bater papo. Esse contato é algo que não consigo ter nos shows, onde há multidões.”
Em outra entrevista para a NPR, Tankian refletiu sobre as consequências de seu ativismo em sua carreira. Ele disse: “Estou bem com o fato de alienar alguns fãs. O papel do artista não é agradar a todos, mas transmitir as verdades do nosso tempo. Desde o começo, você precisa escolher: vai ser apenas um entretenedor ou vai ser um artista? Se for a segunda opção, o caminho não será fácil. A honestidade é crucial, e alguns vão te odiar por isso, o que faz parte.”
Ele também destacou que era o membro mais ativista do SYSTEM OF A DOWN: “Sempre houve uma tensão entre a mensagem e a música. Os outros integrantes não queriam que o som fosse ofuscado pela mensagem política. Eu entendi, mas acreditava que, quando havia algo importante a ser dito, isso tinha que ser feito.”
Tankian revelou em uma entrevista para o podcast “Books On Pod” que o ativismo nasceu na adolescência, ao conhecer a história de seus avós armênios. Ele comentou: “Quando você vive numa democracia e tem medo de falar a verdade por medo de retaliação, algo está muito errado. Crescer como armênio-americano, pagando impostos a um país que não reconhece o genocídio de nossos antepassados, devido a interesses políticos com a Turquia, é revoltante. Isso me fez um ativista. E essa luta não se limita a questões armênias, mas a direitos humanos em todo o mundo, incluindo causas ambientais.”
Ele concluiu: “Sempre falei a verdade ao poder, porque me importo. Se eu não me importasse, ficaria calado.”
Além de ser o vocalista do SYSTEM OF A DOWN, banda vencedora do Grammy, Serj Tankian é artista solo, compositor, ativista, pintor, poeta e cineasta. Desde que entrou na cena musical em 1993, vendeu mais de 42 milhões de álbuns e tocou para milhões de fãs ao redor do mundo. Ele é cofundador da organização sem fins lucrativos Axis of Justice, ao lado de Tom Morello, que busca unir músicos e fãs em prol da justiça social. Tankian também compôs trilhas sonoras para filmes e séries, expôs suas pinturas em galerias nos Estados Unidos e Nova Zelândia, e lançou dois livros de poesia. Foi produtor executivo de diversos documentários, incluindo “I Am Not Alone”, que conta a história da revolução armênia de 2018 e foi premiado em festivais de cinema como o de Toronto e DOC NYC.
Atualmente, Tankian divide seu tempo entre Los Angeles e a Nova Zelândia, onde vive com sua esposa e filho. O SYSTEM OF A DOWN, apesar de estar em turnê esporadicamente desde 2011, só lançou duas músicas inéditas nos últimos 19 anos: “Protect The Land” e “Genocidal Humanoidz”, em 2020, inspiradas no conflito entre Artsakh e o Azerbaijão. A banda destinou os lucros das canções para esforços humanitários na Armênia, arrecadando mais de 600 mil dólares com a ajuda dos fãs.
Essa postura política e honesta tem sido uma constante na trajetória de Tankian, tanto na música quanto em seu ativismo.