A história do LED ZEPPELIN iniciou-se em 1968, com a definitiva dissolução do grupo Yardbirds. O guitarrista Jimmy Page havia “herdado” os direitos e os deveres dos Yardbirds. Na relação dos deveres, haviam alguns shows pendentes na Dinamarca e em Londes. Não restando muitas alternativas, Jimmy iniciou o recrutamento de músicos para integrar sua nova banda. Para os vocais, acertou com Terry Reid, que na época fazia sucesso na Inglaterra. Para a bateria, Jimmy B. J. Wilson, mas este havia sido recém contratado pelo grupo Procol Harum. Para o contra-baixo, foi mais fácil. John Paul Jones, um renomado produtor/arranjador/músico de estúdio, e antigo conhecido de Page, ofereceu-se para o posto, sendo tranquilamente aceito. Quando a banda estava quase completa, Page recebe um telefonema de Terry Reid, informando de sua desistência em participar do grupo. Como consolo, Terry indica um jovem cantor da cidade de Birminghan, chamado Robert Plant. Ao assistir uma apresentação, Jimmy não pôde crer como Plant ainda não fazia sucesso. Conheceram-se e, pouco tempo depois, haviam identificado várias afinidades musicais em comum. Page não hesitou em convidá-lo, e Robert, por sua vez, não hesitou em aceitar.
Quando Jimmy comentou que apenas faltava o baterista para completar a banda, Robert imediatamente indicou um velho conhecido, com quem já havia trabalhado em duas oportunidades. Seu nome: John Bonham. Quando Page viu Bonham em ação, não teve dúvidas, havia encontrado o baterista. E assim, a banda estava completa, inclusive com a contratação do empresário, Peter Grant, que já havia trabalhado com Page alguns anos antes.
Imediatamente os quatro começaram a ensaiar, visando aqueles shows pendentes na Dinamarca, e mais alguns em Londres. O grupo foi batizado de New Yardbirds. O repertório foi formado com músicas dos Yardbirds, Beatles, Chuck Berry, etc, além de algumas composições prórprias. Ao cumprirem as pendências, concluíram que o nome deveria ser alterado. Algumas sugestões: “The Mad Dogs” e “The Whoopie Cushion”.
Por sorte, durante um ensaio, receberam a ilustre visita de Keith Moon, baterista do The Who. Ao ouvir o som da banda, Keith comentou: “O som de vocês é pesado, mas ao mesmo tempo vôa, como um (lead zeppelin) zepelim de chumbo”. Pronto, o nome havia sido dado. Por sugestão de Peter Grant, a letra “a” foi retirada, ficando definitivamente: LED ZEPPELIN.
Com o novo nome, fazem a estréia na Universidade de Surrey, em 15 de outubro de 1968. Com muito empenho e dedicação, o repertório próprio havia crescido consideravelmente, e o entrosamento dos músicos era fantástico, parecendo existir uma “alquimia” entre eles. Entraram no “Olympic Studios” e apenas 30 horas após, já haviam gravado material suficiente para um álbum. Mas na Inglaterra ninguém queria saber do grupo. Percebendo isso, Peter Grant partiu para os EUA, tentando encontrar melhores perspectivas. Foi quando a sorte mostrou sua cara. Ao chegar na “Atlantic Records”, Peter conheceu a cantora Dusty Springfield, na época a estrela da gravadora. Ao comentar que o novo grupo era formado por Jimmy Page e John Paul Jones, Dusty, que anos antes havia trabalhado com ambos quando eram músicos de estúdio, imediatamente recomendou a contratação do grupo aos executivos, dando seu aval e testemunhando acerca do grande talento que possuíam.
Em janeiro de 1969, o álbum “Led Zeppelin” foi lançado nos EUA. Muito bem recebido pelo público (pela crítica nem tanto),o disco surpreendeu pela qualidade dos músicos e pelas inovações musicais. Não parecia uma banda formada há apenas poucos meses. Devido ao sucesso do LP, o grupo realiza uma turnê pelo país, juntamente com as bandas Vanilla Fudge e Iron Butterfly. Em pouco tempo, as apresentações do LED começaram a ofuscar às dos outros grupos.
Durante as viagens, o grupo compõe material suficiente para outro álbum. E, no final de 1969, é lançado “Led Zeppelin II”. Se o primeiro LP havia inovações, neste então, nem se fala. O disco é extremamente pesado, causando uma verdadeira revolução sonora no mundo do rock’n’roll. O rock nunca mais seria o mesmo. As vendas estouram, e o grupo já começa a adquirir status de “rockstar”. Pela primeira vez, uma música dos Beatles é desbancada do primeiro lugar; “Let It Be” não suportou o peso de “Whole Lotta Love”.
Desta vez sem companhias, realizam uma turnê costa-a-costa pelos EUA, quebrando recordes por onde se apresentavam. Nesta época iniciou a eterna antipatia do LED com a imprensa e vice-versa. Não importava o quanto eles fossem brilhantes, ou quantos recordes eles quebrariam, que a imprensa simplesmente os ignorava. Interessante é que o grupo jamais contratou um divulgador. Sem o apoio da mídia e sem divulgação, conclui-se que o mega- sucesso alcançado pelo ZEPPELIN foi conquistado praticamente de boca-a-boca. Outro detalhe é que todos os discos da banda tiveram produção assinada por Jimmy Page. Esse fato, aparentemente sem importância, demonstra um pouco a diferença do LED para os demais grupos, pois é sabido que o produtor é quem comanda um disco e, talvez o LED seja o único grupo que gravou realmente o que quiz, como quiz e aonde quiz, sem interferências externas.
Neste contexto de independência e completamente avessos aos modismos, lançam em 1970, o álbum “Led Zeppelin III”. Quando todos esperavam toneladas de decibéis, eis que lançam um trabalho 50% acústico. É claro que haviam as músicas pesadas, mas um lado inteiro só com “violões” foi uma demosntração de independência e ousadia. As vendas foram muito boas, entretanto, não atingiram os níveis dos trabalhos anteriores. Mais uma turnê costa-a-costa, shows pela Europa e uma excurssão pelo Japão, onde a canção “Immigrant Song” era uma verdadeira “mania”. Quando estiveram tocando na cidade de Hiroshima, doaram todo valor arrecadado, em prol das vítimas da bomba atômica.
Em 1971, lançam o quarto álbum. Para desespero dos executivos da “Atlantic”, o LP é lançado sem qualquer referência da banda. Apenas um encarte contendo a letra de uma música (Stairway to Heaven) e quatro símbolos baseados nas Runas. E, de fato, as vendas do disco começaram mornas. Mas quando as pessoas perceberam que aquele disco do “velhinho” era do LED, e ainda por cima tinha “Black Dog”, “Rock and Roll” e “Stairway to Heaven”, as vendas estouraram novamente. Trata- se de um dos melhores discos de rock jamais produzidos. É o equlíbrio e a síntese entre o leve e pesado, o elétrico e o acústico. Imediatamente “Stairway to Heaven” tornou-se um mega hit, o hino dos anos 70. “Black Dog” é copiada até os dias atuais. Esse disco demonstrou o talento singular e espírito invador dos quatro músicos, de maneira definitiva. Ninguém mais duvidava que o LED era a maior banda derock em atividade. No resto do ano e começo de 1972 viajam realizando inúmeros shows. O restante de1972, praticamente tiram férias.
Em 1973, é lançado o álbum “Houses of the Holy”. O disco alcança platina em poucos dias. Esse trabalho aumentou ainda mais o público da banda, pois quem gostava do LED, não gostou muito do disco, mas quem não gostava muito do LED, gostou do disco. Esse álbum trouxe algumas novidades: deram um título ao disco e publicaram as letras de todas as músicas. Trabalho rechedo de novas influências, tais como: soul music, reggae, rock-progressivo e música erudita, provou toda competência e maturidade dos músicos. Neste ponto da carreira, o LED virou “mania”; eles inauguraram a era do “mega”: megas-espetáculos, megas-turnês, aviões, orgias, milhões de dólares, hotéis detonados, etc
Somente em 1975 seria lançado o próximo álbum. Chamado “Physical Graffiti”, em formato de disco-duplo e lançado pela “Swan-Song”, gravadora própria do grupo, este foi mais um mega-sucesso produzido pelo LED. Uma das raras unanimidades, foi muito bem aceito tanto pela crítica, quanto pelo público. De fato, trata-se de um excelente trabalho, muito eclético com caprichada produção, cujo ponto alto é a música “Kashmir”; este disco contém algumas “sobras” de trabalhos anteriores. Novamente realizam gigante turnê costa-a-costa pelos EUA e Europa. No final do ano, Plant e sua família sofrem grave acidente automobilístico na Grécia, obrigando o grupo a cancelar alguns compromissos. Robert fica preso à uma cadeira- de- rodas durante alguns meses. No início de 1976, com Plant ainda na cadeira-de-rodas, dirigem-se à Alemanha e iniciam a gravação do próximo LP. Gravado em apenas 18 dias, e lançado alguns meses após, “Presence” resume o momento baixo-astral que estavam vivendo. É o trabalho menos inspirado da banda, entretanto, com ótimos momentos, como “Achilles Last Stand”. Ironicamente, em termos de técnica, “Presence” é um dos melhores trabalhos de Page como guitarrista, onde toca de maneira mais “limpa”, sem sua tradicional pegada blues. Apesar dos pesares, “Presence” ganha disco de platina antes mesmo do lançamento, tornando-se um grande sucesso comercial.
Como a recuperação de Plant estava um pouco lenta, eles decidem não sair em turnê naquele momento. Para preencher o vazio, é lançado o filme e respectiva trilha sonora “The Song Remains the Same” , obtendo muito sucesso. Na verdade, trata- se de alguns shows realizados em 1973, no “Madson Square Garden”, adicionado com alguns clips. No Brasil foi lançado com o título “Rock é Rock Mesmo” e igualmente fez bastante sucesso. Mesmo não sendo das melhores apresentações do grupo, existem momentos marcantes, como em “Dazed and Confused”, “The Song Remains the Same”, “The Rain Song”, etc. Estranhamente, a música “Celebration Day” consta no disco, mas não consta no filme; enquanto que “Black Dog (versão reduzida)”, “Since I’Ve Been Loving You” e “Heartbreaker” estão no filme, mas não estão no disco. Além disso, no filme, o solo de Page em “No Quarter” foi cortado, assim como pequenos trechos de “Dazed and Confused”.
Com Robert Plant plenamente em forma, em 1977, iniciam a maior turnê da carreira, inclusive com a utilização de raio laser e outros efeitos especiais. Estava tudo indo muito bem, quando uma verdadeira tragédia pairou sobre o grupo: Karac Plant, filho de Robert, faleceu, vítima de uma virose não detectada. Obviamente as datas posteriores foram canceladas, e o mundo só voltaria a ouvir notícias do LED ZEPPELIN em dezembro de 1978, quando se reúnem em Estocolmo, para trabalhar no material do próximo disco. Foi anunciado que em maio de 1979, o ZEPPELIN faria uma apresentação no festival de “Knebworth”, quase dois anós após a última aparição em público. Quinze dias antes da apresentação, já haviam pessoas acampadas, para garantir um bom lugar. De fato, foi um sucesso estrondoso, onde qualquer dúvida acerca da imensa popularidade da banda foi desfeita.
No mês de agosto, é lançado o nono disco, chamado “In Through the Out Door” e, no final do mês, todos os nove álbuns figuravam na Billboard. Trata-se de um LP muito eclético, com pitadas de música latina e overdose de John Paul Jones. Há o grande sucesso “All My Love”, canção que Plant escreveu em homenagem a seu filho.
No início de 1980, iniciam turnê européia, já se preparando para mais uma gigantesca excursão pela América do Norte, que começaria em outubro. Após breve descanso durante o mês de agosto, em setembro iniciaram-se os ensaios para a turnê norte-americana. Mas, no dia 25 de setembro de 1980, outra tragédia recai sobre o grupo: o baterista John Bonham é encontrado morto, na cama em que dormia, na mansão de Jimmy Page, tendo sido sufocado pelo próprio vômito, após excessivo consumo de vodka. E o mundo se priva do incomparável talento de John Bonham.
Em 04 de dezembro de 1980, o grupo publicou nota oficial, comunicando o fim da maior banda do planeta.